E não estava lá.

Procurei por você na saída das barcas num abraço apertado que não era o meu.

Era um daqueles abraços de tirar o fôlego, de matar a saudade, de te quero muito e não posso esperar.

Procurei por você naquelas duas quadras até em casa, pensando se nos esbarraríamos no caminho; sabendo que nossos caminhos não se cruzam.

Procurei nos olhares apressados de quem passava por mim.

Será que você procura por mim?

Demorei um pouco mais no caminho pra evitar o silêncio da casa vazia.

Andei ouvindo músicas que não deveria ouvir pois simplesmente não sei o que você queria dizer com elas.

Eu nunca consegui ler você.

Procuro você nos meus textos mal escritos, na minha dificuldade em seguir normas gramaticais, nas correções que faço quase como numa tentativa de corrigir tudo de errado que faz você não estar aqui.

O procurei enquanto procurava as chaves de casa. Você, facilmente faria uma piada boba sobre a minha bolsa bagunçada, e eu riria como se fosse a coisa mais engraçada do mundo.

Fico assim mesmo. Uma bagunça assumida quando penso em você.

E eu tento. Eu juro que tento não pensar tanto.

Mas sempre aparece uma matéria, uma foto de um bichinho, um trecho de filme, livro, uma coisa qualquer que me lembra você e eu escondo o telefone numa tentativa patética de não te caçar por aí.

E fico.

Pensando se você vai me procurar numa  manhã-tarde-noite de uma terça-quarta-quinta qualquer e me chamar pra um café, um mate, um suco de laranja ou um hambúrguer no pé sujo da esquina.

Será que me você me procura?